Os Deveres dos Cônjuges - Parte 2
FOCANDO NO INTERESSE DOS OUTROS
A Palavra de Deus nos ensina – como já vimos nas afirmações
anteriores do apóstolo Paulo – a buscar os interesses dos outros, não os nossos
próprios:
“Não tenha cada um em vista o que é propriamente seu, senão
também cada qual o que é dos outros”. (Filipenses 2.4)
A palavra traduzida do original grego para “ter em vista” é
“skopeo” e significa: 1) olhar, observar, contemplar; 2) marcar; 3) fixar os
olhos em alguém, dirigir a atenção para alguém. Fala do nosso foco, de onde
colocamos a nossa atenção. A Nova Tradução da Linguagem de Hoje traduziu esSe
texto assim: “Que ninguém procure somente os seus próprios interesses, mas
também os dos outros” (NTLH).
Foi depois de falar que devemos focar os interesses dos
outros que Paulo destacou o exemplo dado por Jesus (lembre-se que devemos amar
aos outros como Cristo também nos amou):
“Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo
Jesus, pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser
igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo,
tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si
mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.”
(Filipenses 2.5-8)
Precisamos aprender a servir nosso cônjuge! É uma clara
ordenança bíblica e, como toda ordem divina, é para o nosso próprio bem. Gary
Chapman, um extraordinário estudioso e observador do comportamento conjugal,
afirmou (via twitter): “Se me pedissem para dar uma chave que abre um casamento
feliz esta seria a atitude de serviço mútuo. Praticar o serviço.”
A mentalidade correta de cada cônjuge deveria ser a de
servir, e não a de ser servido. Infelizmente a forma errada de pensar tem
afetado todos os níveis de relacionamento. Jesus ensinou aos seus discípulos a
importância de ser servo em vez de, como dita o comportamento egoísta, querer
colocar-se no centro:
“Mas Jesus, chamando-os para junto de si, disse-lhes: Sabeis
que os que são considerados governadores dos povos têm-nos sob seu domínio, e
sobre eles os seus maiorais exercem autoridade. Mas entre vós não é assim; pelo
contrário, quem quiser tornar-se grande entre vós, será esse o que vos sirva; e
quem quiser ser o primeiro entre vós será servo de todos. Pois o próprio Filho
do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate
por muitos.” (Marcos 10.42-45)
O padrão divino para os relacionamentos está claramente
revelado na Bíblia: eu não exijo (dos outros) aquilo que desejo (para mim
mesmo). Eu primeiramente ofereço (aos outros) aquilo que desejo e, então, como
consequência, eu mesmo recebo de volta o que dei! Foi o que o Senhor Jesus
ensinou-nos a fazer:
“Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim
fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.” (Mateus 7.12)
O egoísmo, que tenta centralizar o relação somente em torno
dos nossos próprios interesses, tem sido um fator de grande dano não apenas
para o casamento como também para toda e qualquer forma de relacionamento. E
meus deveres, de acordo com Jesus – e até para o perverso (Mt 5.39-41),
incluem: dar a outra face; entregar a capa junto com a túnica e andar a segunda
milha.
Compreendendo tudo isto, devemos viver os relacionamentos
não apenas removendo a mentalidade parasita (de só querer receber), mas indo muito
além e adotando a mentalidade divina (de que dar é mais importante). Como
declarou Paulo aos presbíteros de Éfeso:
“Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é mister
socorrer os necessitados e recordar as palavras do próprio Senhor Jesus Mais
bem-aventurado é dar que receber.” (Atos 20.35)
E o lucro de cultivar este tipo de atitude não é só fazer ao
cônjuge feliz (o que já deveria ser suficiente para nos motivar a isto), como
também envolve a lei espiritual de semeadura e ceifa – uma vez que tudo que
faço aos outros volta para mim:
"O casamento envolve suportar fraquezas um do outro.
Não se trata apenas do que cada um vai usufruir de bom,
mas das boas coisas que vai oferecer ao seu cônjuge!"
“Não julgueis, para que não sejais julgados. Pois, com o
critério com que julgardes, sereis julgados; e, com a medida com que tiverdes
medido, vos medirão também.” (Mateus 7.1,2)
Se este princípio, de buscar – altruisticamente – o
interesse dos outros, e não – egoisticamente – o nosso próprio, já deveria
estar presente em qualquer relacionamento de um cristão, o que não dizer do seu
relacionamento mais importante – que é o conjugal? Isto me faz recordar uma
frase de Walter J. Chantry que li certa vez: “Como terminariam logo as sessões
de aconselhamento matrimonial se maridos e esposas competissem seriamente em
negar-se a si mesmos!”
Por que tantos casamentos se desfazem hoje? Porque quem só
quer receber, vivendo da mentalidade parasita, na hora difícil (quando o
cônjuge talvez nada tenha a oferecer) acaba “abandonando o barco”. Por outro
lado, quem procura a felicidade de seu marido ou esposa, alcança sua própria
felicidade! O apóstolo Paulo declarou aos efésios que “quem ama a esposa a si
mesmo se ama”. Logo, é justo declarar que quem alegra seu cônjuge, a si mesmo
se alegra:
“Assim também os maridos devem amar a sua mulher como ao
próprio corpo. Quem ama a esposa a si mesmo se ama. Porque ninguém jamais odiou
a própria carne; antes, a alimenta e dela cuida, como também Cristo o faz com a
igreja.” (Efésios 5.28,29)
Quando falamos de amor, alguns tem apenas aquela ideia vaga
de um sentimento romântico, mas o amor é mais do que isto! O amor não depende
do “clima” que há entre o casal. A mentalidade de amor é o oposto da
mentalidade parasita: dá mesmo quando não recebe, pois “não procura seus
interesses”. O que Deus ensina sobre o amor é muito mais intenso e profundo do
que normalmente dimensionamos. Vamos refletir um pouco sobre a definição
bíblica do amor:
“O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se
vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se
ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se
alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor
nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o
conhecimento passará.” (1 Coríntios 13.4-8 – NVI)
A maioria dos casais (mesmo os cristãos) não entendem o
nível de amor em que deveriam caminhar. Já ouvi muitos dizerem – justificando o
motivo da separação que estavam buscando – que “o amor acabou”. Mas se acabou é
porque não era amor. As Escrituras declaram que “o amor nunca perece”, ou seja,
nunca acaba! Talvez os sentimentos se deterioraram, talvez a paixão tenha
acabado, mas se um casal andar no amor do Senhor, este amor nunca irá acabar!
Na Epístola aos Romanos, o apóstolo Paulo também ensinou
que, os que alcançaram a maturidade espiritual, não devem viver apenas em
função de si mesmos:
“Ora, nós que somos fortes devemos suportar as debilidades
dos fracos e não agradar-nos a nós mesmos. Portanto, cada um de nós agrade ao
próximo no que é bom para edificação”. (Romanos 15.1,2)
O casamento envolve suportar fraquezas um do outro. Não se
trata apenas do que cada um vai usufruir de bom, mas das boas coisas que vai
oferecer ao seu cônjuge!
Portanto, antes de detalhar os papéis, as responsabilidades
do marido e da esposa no matrimônio, entendemos ser importantíssimo estabelecer
o maior dever de cada cônjuge: viver para amar, agradar, servir e promover a
felicidade do outro. Precisamos olhar para os deveres do matrimônio sob este
prisma. Procure focar a sua parte e ore (e até peça gentilmente) para que seu
cônjuge faça o mesmo.
Para poder entender a visão geral dos deveres dos cônjuges, estaremos divulgando os seguintes posts nas próxima semanas:
. Os Deveres dos Maridos
. Os Deveres das Mulheres