Saiba como melhorar a qualidade da refeição das crianças
Um adulto com bons hábitos alimentares é formado ainda na infância - mas também não se podem privar os pequenos de uma ou outra guloseima
É preciso redobrar a atenção com o que vem das prateleiras
dos supermercados, onde não faltam opções de gostosuras repletas de açúcar,
gorduras saturadas e sódio. Escolhas erradas podem significar um atalho para
doenças como a obesidade, a hipertensão e o diabetes. Para ajudar os pais a
fugir das armadilhas, VEJA levou o pediatra e nutrólogo Artur Figueiredo
Delgado, do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, às compras. Com a cestinha
em mãos, o médico selecionou as melhores opções para compor refeições
principais, café da manhã, lanchinhos e sobremesas para crianças com mais de 2
anos. Legumes, verduras e frutas frescas não aparecem na lista do médico, pois
são itens obrigatórios na despensa de qualquer família.
Por quê: o leite de vaca deve fazer parte da dieta das
crianças a partir de 1 ano de idade que deixaram de ser amamentadas - as
meninas, em particular, precisam do estoque de cálcio para prevenir a
osteoporose no futuro. O desnatado não é recomendado aos pequenos, por não
conter os ácidos graxos essenciais de que eles necessitam na fase de
crescimento. Já o integral e o semidesnatado contêm a mesma quantidade de
proteína e cálcio; se seu filho estiver acima do peso, prefira o segundo. O
leite deve ser servido preferencialmente in natura, mas pode ser batido com
frutas ou levar uma porção mínima - frise-se, mínima - de achocolatado em pó ou
café. A regra é simples: quanto mais clarinho o conteúdo do copo, melhor. O
médico recomenda o consumo de três copos de leite por dia. As bebidas
achocolatadas prontas, vendidas em caixinha, não devem entrar nessa conta.
"Os achocolatados industrializados são ricos em açúcar e gordura e não
oferecem os benefícios do cálcio e da proteína do leite", diz o pediatra.
Arroz e feijão
Por quê: a combinação é a fonte mais saudável de
carboidrato, proteína, vitaminas e sais minerais nas principais refeições do
dia. O macarrão, prato preferido de dez em cada dez crianças, fornece apenas
carboidratos e pode contribuir para o sobrepeso infantil - portanto, deve ser
servido no máximo duas vezes por semana, em companhia de legumes e carne ou
outra proteína. O macarrão instantâneo, com elevado teor de sódio, deve ser
riscado do cardápio. "Um prato de macarrão instantâneo pode conter 2,5
gramas de cloreto de sódio - ou seja, toda a quantidade de sódio diária que um
adulto pode consumir", explica Delgado.
Queijos brancos e geleias
Por quê: para acompanhar o pãozinho, o pediatra sugere
queijos brancos, como frescal, cottage e ricota, que apresentam baixo teor de
gordura saturada e são ricos em cálcio e proteína. Outra opção é a geleia sem
adição de açúcar - mas também sem adoçantes artificiais.
Água e água de coco
Por quê: poucas crianças têm o hábito de beber água, embora
ela seja essencial para o bom funcionamento gastrointestinal. Para completar o
cardápio de bebidas, valem os sucos de frutas frescas e a água de coco. Já os
sucos artificiais, de caixinha, são um fator importante na obesidade infantil.
"É um engano achar que a substituição do refrigerante pelo suco
industrializado é saudável. E essa falsa impressão pode resultar no consumo
exagerado de um produto rico em sódio e açúcar", explica o médico. Os
sucos à base de soja também não oferecem benefícios. "Eles são muito
calóricos e trazem poucos nutrientes para a criança", diz o médico. Água
gaseificada também hidrata, mas deve ser evitada por conter sódio. Por fim, os
refrigerantes devem ficar reservados para situações especiais, como festinhas
de aniversário ou o almoço de domingo. O consumo habitual, além de promover o
sobrepeso, pode causar cólica e gastrite nas crianças.
Picolé de frutas
Por quê: para saciar o desejo por sorvetes, o pediatra
indica picolés de frutas. Prefira os de limão ou abacaxi, que apresentam menos
corantes que os de uva, por exemplo, o que reduz os riscos de alergias
alimentares. Já os sorvetes cremosos, de massa, são contraindicados no dia a dia,
por trazerem gordura na composição. Como os refrigerantes, devem ser reservados
para ocasiões especiais.
Frutas secas e barras de cereais
Por quê: damascos secos e uvas-passas são ricos em fibras e
antioxidantes, que combatem os radicais livres, e constituem uma boa opção de
lanchinho saudável. As barras de cereais - sem chocolate, que apenas acrescenta
gordura e açúcar ao alimento - são uma fonte energética de rápida combustão,
ideal para crianças que praticam atividades físicas.
Peixes e ovos
Por quê: até a adolescência, as crianças precisam ingerir
porções diárias de proteínas. Ovos e carnes magras, como frango e peixe, são
ideais para suprir essa necessidade. O médico recomenda particularmente o
consumo de peixe, fonte também de ômega-3, que ajuda no desenvolvimento
neurológico e imunológico, ao menos duas vezes por semana. Os ovos, que saíram
da lista de vilões da saúde, são bem-vindos no cardápio infantil: a clara, rica
em proteínas, pode ser consumida diariamente, e a gema, fonte de colina,
substância essencial na constituição das membranas celulares, entra na dieta
quatro vezes por semana. Os embutidos e as carnes industrializadas são
abundantes em sódio e, assim, ficam de fora da lista de compras do pediatra.
Biscoito integral
Por quê: além de conterem menos açúcar e gordura que as
versões convencionais, as bolachas e os cookies integrais são ricos em fibras,
menos calóricos e menos agressivos aos dentes. Os recheados, que a criançada
adora, são os vilões do mundo dos biscoitos. "Eles contêm gordura
hidrogenada, que age como a gordura saturada - ou seja, aumenta os níveis de
triglicérides e colesterol ruim", explica Delgado.
Iogurte natural
Por quê: além de conter cálcio e proteínas, o iogurte
natural integral está livre de aromatizantes e corantes, presentes nos que têm
sabor de fruta. A opção mais saudável é misturar ou bater o natural com frutas
frescas.
Pão integral
Por quê: pães contêm grande quantidade de gordura vegetal e
sal. A alternativa são os integrais, que, embora também calóricos, são ricos em
fibras. Para prevenir a obesidade, é preciso ater-se ao consumo moderado - no
máximo duas fatias diárias do pão de fôrma integral.
Por quê: fonte de proteína em forma de colágeno - que, por
sinal, não substitui a proteína das carnes e dos ovos -, ela agrada a grande
parte das crianças.
Fonte: Veja