Os Deveres dos Cônjuges - Parte 1
O casamento traz consigo direitos e deveres. Tanto o marido
como a mulher devem algo a seu cônjuge
O ensino das Escrituras é muito claro
acerca disto:
Embora o texto acima fale de algo pertencente à vida sexual,
é inegável que este conceito envolve um princípio existente no casamento como
um todo. Os que se casaram tem deveres dos quais foram incumbidos por Deus na
relação matrimonial. Na Nova Tradução na Linguagem de Hoje, este texto é
apresentado assim: “O homem deve cumprir o seu dever como marido, e a mulher
também deve cumprir o seu dever como esposa” (1 Coríntios 7.3 – NTLH).
UMA DÍVIDA A SER PAGA
"O problema de muitos é que eles entram no matrimônio
atrás de um nível de realização que desejam mais para si mesmos
do que para o seu companheiro de aliança."
A palavra usada pelo apóstolo, no original grego, que foi
traduzida como “o que lhe deve” (ou, em outras versões, “o que lhe é devido”),
de acordo com o Léxico da Concordância de Strong, é “opheilo” e significa
“dever; dever dinheiro; estar em débito com; aquilo que é devido; dívida”.
Portanto, temos uma dívida a ser paga no casamento. Porém, convido-o a colocar
o foco na sua própria dívida, e não na de seu cônjuge, uma vez que, em matéria
de relacionamento, temos a inclinação natural de sermos melhores credores do
que pagadores. Quase sempre que falo a casais sobre os deveres dos cônjuges
percebo que eles sempre dão mais atenção ao que vão cobrar do outro do que à
aquilo que eles deveriam fazer… E o que vemos nestes cônjuges é algo muito
parecido com a parábola que Jesus contou acerca do credor incompassivo: na hora
de cobrar a dívida de outros nunca usam da mesma compreensão e misericórdia que
querem que outros tenham com eles.
Como Jesus ensinou, temos a capacidade de ver o cisco no
olho do irmão e não reparar na trave que está em nosso próprio olho (Lc 6.41);
vemos os “pequenos” defeitos dos outros e não queremos enxergar os nossos
próprios grandes defeitos. O fato é que deveríamos focar primeiro em nossa
parte dos deveres, até por que assim seria bem mais fácil não somente cobrar,
mas estimular o parceiro a também fazer sua parte. Quem dera todo marido e
esposa pensasse mais no que ele deve ao seu cônjuge do que naquilo que lhe é
devido!
Nosso foco principal na relação conjugal jamais deveria ser
os nossos direitos (que de fato possuímos – e pelos quais tanto reclamamos) e
sim os nossos deveres! Precisamos viver em função de nossos cônjuges, não em
função de nós mesmos. O problema de muitos é que eles entram no matrimônio
atrás de um nível de realização que desejam mais para si mesmos do que para o
seu companheiro de aliança.
A MENTALIDADE PARASITA
"Devemos focar os direitos do outro (que são os nossos
deveres)
e não os nossos
direitos (que são os deveres do outro).
É assim que Deus vê o
casamento. "
Talvez não haja nada tão destrutivo para um relacionamento
como o que chamo de “mentalidade parasita”. No livro de Provérbios lemos acerca
disto:
“A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá. Há três coisas
que nunca se fartam, sim, quatro que não dizem: basta Elas são a sepultura, a
madre estéril, a terra, que não se farta de água, e o fogo, que nunca diz:
basta!”. (Provérbios 30.15,16)
A sanguessuga é um verme parasita. Ela estabelece uma
associação onde não oferece nada ao hospedeiro e tira dele tudo o que puder.
Mas este texto do livro de Provérbios fala da sanguessuga e suas filhas não
apenas como quem só quer receber e não nada tem a oferecer; além desta atitude
– que já é tão nociva – o texto bíblico acrescenta que, não importa o quanto
receba, a pessoa que tem a mentalidade parasita nunca está satisfeita e sempre
quer mais!
A definição de parasitas encontrada na Wikipédia é a
seguinte: “Parasitas são organismos que vivem em associação com outros dos
quais retiram os meios para a sua sobrevivência, normalmente prejudicando o
organismo hospedeiro, um processo conhecido por parasitismo. Todas as doenças
infecciosas e as infestações dos animais e das plantas são causadas por seres
considerados, em última análise, parasitas. O efeito de um parasita no
hospedeiro pode ser mínimo, sem lhe afetar as funções vitais, como é o caso dos
piolhos, até poder causar a sua morte, como é o caso de muitos vírus e
bactérias patogênicas”.
É como diz o antigo ditado (muito bem explorado por Craig
Hill em seu livro de mesmo título): os que se casam com a mentalidade parasita
são “duas pulgas e nenhum cachorro”. A maioria, ao casar-se, age como uma pulga
que encontrou um cachorro, com o desejo de sugar do outro tudo que o satisfaça.
Porém, normalmente o outro cônjuge também é uma pulga esperando a vida toda por
seu cachorro e não demora muito tempo para que descubram a relação na qual
entraram: duas pulgas e nenhum cachorro! Se queremos um casamento abençoado
devemos abandonar esta atitude parasita e procurar entender a visão bíblica de
servir ao cônjuge. Mais do que compreender os direitos, necessitamos entender
os deveres da aliança!
Devemos focar os direitos do outro (que são os nossos
deveres) e não os nossos direitos (que são os deveres do outro). É assim que
Deus vê o casamento. Ninguém deveria casar para SER feliz; este é um mito
acerca do casamento que tem sido propagado, erroneamente, há muito tempo –
mesmo nas igrejas (que deveriam estar ensinando a visão correta do matrimônio).
O princípio bíblico fala de casar para FAZER seu cônjuge feliz. Veja o que a
Palavra de Deus diz acerca do objetivo do homem recém-casado (e de como mesmo
as coisas mais importantes tornavam-se secundárias diante deste propósito):
“Homem recém-casado não sairá à guerra, nem se lhe imporá
qualquer encargo; por um ano ficará livre em casa e promoverá felicidade à
mulher que tomou.” (Deuteronômio 24.5)
Gosto desta frase: “promoverá felicidade à mulher que
tomou”. É o que todo marido deve promover para sua esposa! É claro que isso não
significa que somente a mulher deva ser feita feliz nesta relação. Em Gênesis
2.18 lemos que Deus criou a mulher por causa do homem. O Senhor viu que o homem
estava só; percebeu o quanto ele precisava não só de companhia, mas de uma
ajudadora. Então. por causa de Adão, fez a Eva! Logo, na revelação bíblica o
homem vive em função da mulher e vice-versa! Foi isso que Paulo ensinou aos
irmãos de Corinto:
“Quem não é casado cuida das coisas do Senhor, de como
agradar ao Senhor; mas o que se casou cuida das coisas do mundo, de como
agradar à esposa, e assim está dividido. Também a mulher, tanto a viúva como a
virgem, cuida das coisas do Senhor, para ser santa, assim no corpo como no
espírito; a que se casou, porém, se preocupa com as coisas do mundo, de como
agradar ao marido”. (1 Coríntios 7.32b-34)
Se cada um dos cônjuges procurar a felicidade do outro,
então ambos serão realizados. Porém, se cada um buscar apenas a sua própria
felicidade e realização, o seu relacionamento desmoronará e só restará decepção
e tristeza. Esta é a razão de ensinarmos sempre que, ao entrar na aliança
matrimonial, cada um deve estar ciente da necessidade de morrer para si mesmo e
procurar agradar ao seu cônjuge. É uma instrução bíblica muito clara:
“Ninguém busque o proveito próprio, antes cada um o de
outrem.” (1 Coríntios 10.24)
O apóstolo Paulo ensinava constantemente estas verdades, e
não somente por preceitos mas, principalmente, por meio do seu próprio exemplo
(que, por sua vez, era uma extensão do exemplo dado pelo Senhor Jesus):
“Não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a
gregos, nem a igreja de Deus; assim como também eu em tudo procuro agradar a
todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de muitos, para que sejam
salvos. Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.” (1 Coríntios
10.32,33 e 11.1)
A Palavra de Deus nos ensina que, no processo de
transformação, devemos passar por uma renovação de mente (Rm 12.2), o que
inclui o abandono da mentalidade parasita. Precisamos aprender a viver em
função de nosso cônjuge se queremos viver o melhor de Deus em nosso matrimônio.
A Bíblia gira em torno de relacionamentos. No Antigo Testamento, o que
encontramos nos Dez Mandamentos é ordem para os relacionamentos: os quatro
primeiros falam de nossa relação com Deus e os demais falam de nossa relação
com as pessoas… No Novo Testamento o Senhor Jesus ordenou um novo mandamento: o
AMOR.
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros;
assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão
todos que são meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” (João
13.34,35)
É lógico que a ordem de amar em si mesma não era novidade,
pois o maior de todos os mandamentos já determinava que deveríamos amar a Deus
de todo o coração e ao próximo como a nós mesmos. Mas a expressão de amor do
Antigo Testamento era um tanto quanto egoísta: amar ao próximo como a nós mesmos.
Já o ensino neo-testamentário orienta-nos a amar aos outros como Cristo nos
amou: de forma sacrificial, ou seja, em detrimento de si mesmo!
Para poder entender a visão geral dos deveres dos cônjuges,
estaremos divulgando os seguintes posts nas próxima semanas:
. Os Deveres dos Cônjuges - Parte 2
. Os Deveres dos Maridos
. Os Deveres das Mulheres
Autor: Luciano Subirá
Fonte: Site O Orvalho